São Paulo, segunda, 12 de julho de 1999

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"Câncer de pulmão e tabaco dão na mesma", diz médico

da Reportagem Local

É fácil entender por que câncer de pulmão e tabaco dão na mesma, como diz o pneumologista José Rosemberg, 89, presidente do Comitê Coordenador de Controle de Tabagismo no Brasil.
Entre as 4.720 substâncias tóxicas presentes no cigarro, de 60 a 80 são cancerígenas. Essas substâncias alteram o DNA das células, provocando mutações de genes que levam à multiplicação celular exagerada. "O câncer é essa multiplicação acelerada", diz Rosemberg.
Para o pneumologista e médico do Centro de Apoio ao Tabagista, do Rio de Janeiro, Alexandre Milagres, outra questão relevante sobre o câncer de pulmão é que ele é pouco curável, como demonstram os dados de 1997 da American Cancer Society.
É o segundo tipo de câncer que mais atinge homens e mulheres nos EUA -em primeiro lugar estão o câncer de próstata e de mama. Em compensação, é o que mais mata. Compare os números a seguir.
Dos 98,3 mil casos de câncer de pulmão diagnosticados entre homens, 94,4 mil (96,03%) foram fatais. Entre as mulheres, dos 79,8 mil diagnosticados, 66 mil (82,7%) mataram.
Já dos 334,5 mil tumores de próstata, apenas 41,8 mil (12,49%) foram fatais. E dos 180,2 mil dos de mama, 43,9 mil (24,36%) mataram. "É uma constatação trágica", afirma Milagres.
"Se todas as pessoas parassem de fumar, em 20 anos teríamos os mesmos índices de ocorrência desse câncer do começo do século", diz Rosemberg.