Capítulo 35

A FOTO DE UM ACIDENTE DE CARRO


Pra onde vai a alma,

Pra onde irão as palavras,

Depois do grito?

Jota Quest, em O Grito


Numa certa manhã, acordei agitado, por saber que no final do dia a minha filha iria viver uma experiência nova: o primeiro dia num curso de teatro. Mesmo embalado por esta expectativa, permiti-me iniciar as atividades matinais habituais como se fosse um dia normal, com asseio, alimentação, respostas aos e-mails notívagos, levar cachorro ("neto") para cheirar poste, molhar e discutir certas questões existenciais com as minhas plantas, além da quase obrigatória leitura de jornais.

Nesta manhã em particular, minha filha estava bem nervosa, porém, eu, que decorara bem direitinho o texto "filha, o importante é você fazer o que te dá prazer. Relaxa...", estava mais tenso do que ela.

Pois bem, foi justo no item leitura de jornais que, em minha atabalhoada manhã, fui tocado profundamente por uma foto estampada na manchete. Jamais imaginei que uma imagem pudesse me atingir tão certeiramente, mexendo com minhas estruturas mais sólidas. Na foto e no texto que a seguia, havia a informação de que, num acidente automobilístico ocorrido na noite anterior, três jovens estavam mortos _ Fabrício (20a), Mariana (18a) e Juliane (18a) _ justo após deixarem uma festa, na Barra da Tijuca, um bairro da moda na cidade do Rio de Janeiro. Instantaneamente mortos.

Jornal O Dia, 11/mar/2003

A foto estampava os pais de um deles. No local. No pós-momento final, se é que isto é possível. Na dor. Na imensa e inesquecível dor, que para o espírito é apenas aprendizado. A mesma imagem, sob diferentes ângulos, vi nos vários jornais que assino ou comprei ao longo do dia, incrédulo, extremamente inseguro e desconfortável, além de irremediavelmente amedrontado de que algo semelhante ocorresse algum dia com um de meus filhos, a aprendiz de atriz ou o futsaleiro esforçado. Resquícios de ego auto-referente, que traz para si devaneios e sofrimentos.

Jornal O Dia, 11/mar/2003

Pais do Fabrício

Entretanto, apesar da forte tendência humana em ver as situações sob o prisma do seu próprio umbigo, talvez nunca tenha tido tanta empatia por alguém quanto tive por aqueles pais da foto e de carne e osso. Chorei muito durante aquele dia, por várias vezes.

A morte por acidente automobilístico sempre me fez pensar na semelhança com as perdas por doenças provocadas pelo fumo. Inconsequência, inutilidade, futilidade, sei lá. Boa parte delas ocorre por uma crença, totalmente injustificável, de que não seríamos frágeis o suficiente para sucumbirmos às milhares de substâncias tóxicas da fumaça dos cigarros ou à pressão de ferro, concreto, aço, vidro ou troncos de árvore, nos acidentes de trânsito.

Enquanto escrevia essas linhas, num pequeno restaurante próximo ao curso de teatro onde a minha menina fazia a sua primeira aula, não conseguia me separar da imagem dos pais do Fabrício por um milionésimo de segundo. Deixei escapar várias lágrimas, totalmente incompreensíveis para o garçom que me atendia sem as entender. Afinal, um homem alto, grisalho e só, numa mesa do 'baixo Gávea' a chorar, não deve ser uma cena habitual por aquelas bandas. Acho que pelo menos um milionésimo da dor daqueles pais eu devo ter sentido. De alguma forma, acho que jamais serei o mesmo depois deste dia.

Carta dos pais órfãos de filhos,

lida em sessão solene do Congresso Nacional, 23/abr/2007 _clicar avancar

Entrevista de Fernando Diniz à Rádio Band News, 19/jun/2009 _

Mal passaram-se duas semanas, um novo acidente surge nas manchetes de jornais, dessa vez no bairro de Ipanema. O mesmo destino de Fabrício, Juliane e Mariana, só que para Carolina (24a) e Bruno (20a). As mesmas perdas, o mesmo sofrimento inexplicável. Depois de arrancarem 5 árvores, acabarem-se em um poste de concreto.

Jornal O Dia, 28/mar/2003

Carolina e Bruno

Todos os dias, vemos pessoas tomando bebidas alcoólicas e tomando às rédeas de suas máquinas de centenas de cavalos, protegidas por seus esforçados e, às vezes, impotentes anjos da guarda.

Foto Lê Milagres (25/jun/2003)

Mais uma morte aos 180km / hora. Deixou-nos, William (20anos), que explodiu seu Vectra em uma árvore da Barra da Tijuca, numa madrugada como outra qualquer. Ao mesmo tempo em que eu fazia esta foto, sentia uma angústia extraordinária no peito.

Esses acidentes tornaram-se banais, diários, chocantes e, sobretudo, misteriosos. Como podem repetir-se tanto? Como somos tão incapazes de evitar o óbvio? Talvez haja uma resposta que também se encaixe para o fato de termos 32 milhões de fumantes no país. Deve ser a mesma cegueira, individual e planetária. Quem sabe não se trate de uma virose que impede-nos de compreender?

No Brasil, são 50 mil mortes anuais em acidentes de trânsito (4% das mortes que ocorrem no mundo). Em 70% delas, o(a) motorista havia ingerido bebida alcoólica.

foto Alan Marques, Folha imagem, Folha de São Paulo, 30/nov/2003

 

Rogério Oliveira (21a) e William Lazzari (18a) escaparam vivos: recuperação prolongada em hospital de Brasília. Caronas de motoristas amigos alcoolizados.

- Rogério Oliveira havia bebido muito em uma festa e entregara as chaves do carro para um amigo. Infelizmente, talvez tão alcoolizado quanto ele: "Ele se assustou e puxou o freio. O carro bateu e capotou. Lesionei várias vértebras das regiões lombar e cervical. Com o meu amigo, não aconteceu nada. Hoje, estou andando como um Robocop. Os amigos mudaram. Luto há dois anos e meio para ficar bom. Sinto o preconceito de ser aleijado".

- William Lazzari acidentou-se após a segunda festa que fora naquela noite: "Enquanto dormia o meu amigo entrou num racha. O carro capotou. Fiquei 24 na UTI e levei 80 pontos na cabeça. Fiz 13 cirurgias em dois anos e meio".

As clínicas de reabilitação estão repletas daqueles que escapam do inferno do trânsito com vida, após estes acidentes inúteis e horrorosos, assim como, as casas de saúde, os hospitais e os Centros de Tratamento Intensivo destes hospitais estão cheios de gente que o cigarro massacra, como os carros desgovernados fazem com árvores, postes de concreto e, sobretudo, com gente.

A onipotência adolescente, o sentimento de que nada pode abater pessoas tão "poderosas", é uma das muitas causas da entrada da garotada no tabagismo. Sentem-se imunes aos riscos e imaginam que, sempre que desejarem abandonar a prática, não encontrarão dificuldades. O mesmo ocorre com os "pegas", as corridas urbanas, que ocorrem em vias públicas não projetadas para tal fim e que podem envolver pessoas que jamais haviam sido convidadas a participar. Com trágicos desfechos vistos, em boa parte das vezes.

foto: Celso Meira, O Globo

Mais um jovem é responsável pela morte de outro, num estúpido e evitável acidente de carro. Um adolescente de 20, que supostamente apostava uma corrida contra um parceiro de 19, segundo diversas testemunhas, não respeita um sinal de trânsito e desencarna Gustavo Damasceno, de 26 (18.julho.2003). Na mesma avenida de Ipanema, em que Carolina e Bruno haviam partido desse planeta doido, poucos dias antes.

O Globo, 20.jul.2003

 

foto de Mônica Imbuzeiro

Ricardo Saracusa, 25 anos, sobrevivente do acidente de Ipanema, amigo e carona de Gustavo, chorou copiosamente ao ser informado de que o amigo morrera.

Jornal O Dia, 23/9/03

Na Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, em 22/set/2003, por pouquíssimo o craque de futebol Romário fica sem o filho de 10 anos, num acidente em que o veículo que era guiado por um de seus motoristas capota algumas vezes. O menino, protegidíssimo por seu anjo da guarda, por não estar usando cinto de segurança no banco traseiro, foi jogado por uma das janelas, correndo um risco incrível de ser atropelado.

foto de Márcia Fuletto, O Globo, 18/09/05

Numa manhã de sábado, 17 de setembro de 2005, bem cedinho, por volta das seis e meia, lá estava eu, no caminho para passar visita em clientes internados no hospital em que trabalho, quando me deparei com mais um acidente violento de automóveis. Havia acabado de acontecer. Um automóvel possante, um Porsche último tipo, atravessara a pista e colidira com um carrinho bem mais modesto que vinha na pista contrária. Resultado, o carro poderoso, causador do acidente, todo equipado com os seus airbags de plantão operantes, apesar de bem avariado, não deixou mais do que algumas escoriações no casal que o ocupava. Já o motorista do carrinho, este encontrava-se estirado no asfalto, coberto com um saco plástico preto. Geraldo Liberato, 57 anos, chefe de família, morrera instantaneamente, porque alguém, de 24 aninhos, metera o pé no fundo a ponto de mudar de pista ao não conseguir controlar o veículo, em mais um acidente com morte na Barra da Tijuca

Talvez a saída para alterar este quadro dantesco esteja na mobilização da sociedade, na percepção de que cada cidadão é um tremendo motor que pode modificar a realidade. Juntos, sociedade, governos (nada mais do que a parte da sociedade que recebeu autorização desta para agir em seu nome) e indivíduos (aqueles para quem algum tema em especial o motiva para ação), poderemos fazer algo. Seja conscientizar a população sobre os riscos de inalar o veneno do tabaco ou dirigir sem lembrar-se da data do aniversário ou como manter-se em pé sem cair.

Um belo, belíssimo, maravilhoso, fantástico exemplo de como isso pode acontecer, está na ação para a paz no trânsito que ocorreu no Rio de Janeiro, em maio de 2003. Num evento que reuniu diversas pessoas de bom coração ou com o mesmo partido pelas perdas recentes, representantes de instituições governamentais, organizações não governamentais, curiosos, e que tais, um alerta à sociedade foi dado naquela manhã de domingo. Uma bela expressão de como o mundo mudou no século XXI. Pois, quem lá liderava o movimento, era ninguém menos do que o pai de Fabrício, que tanto me fizera chorar, poucos dias antes, pela partida de seu filho, junto com os familiares e amigos do rapaz, da Mariana e da Juliane. Nem bem dois meses se passaram e essas pessoas foram generosas o suficiente, para dividirem conosco as suas dores, em prol de algo maior. Chorei mais nesse dia do que antes, mas saí sentindo-me mais feliz e crente no sucesso da espécie da qual faço parte.

Em 2007, Fernando Diniz é o Presidente da Associação das Vítimas do Trânsito. Um incansável batalhador.

fotos Le Milagres

Fernando Diniz, O pai do Fabrício(facdiniz@yahoo.com.br)

O meu amigo, Fernando Pedrosa (Ex-Coordenador do PARE -Programa de Redução de Acidentes nas Estradas).

Colega de conjunto musical_discurso emocionado.

Alguns amigos de Fabrício, Juliane e Mariana, com Hugo Leal, então presidente do DETRAN do Rio de Janeiro ( ao centro e à frente).

foto de Severino Silva, Jornal O Dia, 14/jan/2005

acidentecombernardo.jpg (11942 bytes) O Palio de Bernardo Tostes

Voltando para casa, saindo de outro bar da moda da Barra da Tijuca _ Hard Rock Café, no Rio de Janeiro, situado no mesmo shopping de onde saíram Fabrício, Juliane e Mariane, eis que Bernardo Tostes, de apenas 18 anos, com carteira de habilitação para dirigir obtida havia somente 3 meses, acaba com o seu carro e a sua vida na traseira de um ônibus, num dos milhares de cruzamentos da cidade, por volta das 5 da manhã.

fotos Flávio Mac e Osvaldo Prado, O Dia, 14/12/05

Vocalista da Som da Rua, Leonardo Mariz, 23 anos, ao centro, morre em acidente em Ipanema, Rio de Janeiro

foto Ricardo Leoni, O Globo, 27/06/05

César Moniz retira o corpo do pai de seu carro destruído.

Um jovem que voltava de boate, às 6:30h da manhã de um domingo, atravessou a pista da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro e matou um aposentado que saíra de casa, na Tijuca, do outro lado da cidade, para caminhar ao sol vendo o mar. De forma totalmente estúpida, mais um carioca vai para o plano astral, graças à forma alucinada de dirigir de jovens motoristas. Imagino o sofrimento do filho, ter que despedir-se desta forma de um companheiro de tantos anos, apenas porque alguém meteu fundo o pé direito no acelerador de um veículo automotivo que acabaria por transformou-se na foice da morte

O Globo, 12/08/06

foto do automóvel, Vinícius Pereira, Diário de São Paulo

As manchetes dos jornais da manhã de domingo, 12 de agosto de 2006, estamparam mais uma demonstração da loucura que estamos vivendo em nossas ruas, avenidas e estradas, tornadas fontes inesgotáveis de sofrimento. Com todo um caminho de sucesso pela frente, num mesmo momento, partiram a campeã mundial juvenil de vôlei (2005), a atacante do Osasco, Natália Manfrin, 19 anos, e goleiro reserva do São Paulo, Weverson, também com 19 anos. Ambos viajavam de carona, por uma estrada do Sul do país, num automóvel dirigido por Bruno, outro goleiro do São Paulo. LINK

O Globo, 24/08/06

fotos Le Milagres, 23/08/06

Nem bem dez dias se passaram, e outra tragédia se abate sobre a gente, num acidente entre um Astra e um caminhão parado. Cinco 5 entre os sete ocupantes do automóvel morrem na hora, na Avenida das Américas (Barra da Tijuca, Rio de Janeiro). Novamente, me deparando e fotografando a destruição que ocorreu, fiquei me perguntando como não conseguimos alterar coletivamente o curso desta história.

O Globo, 04/09/06

fotos de Gustavo Stephan (O Globo), Domingos Peixoto (O Dia) e Orkut

    

Como num filme macabro, com mortos em série, em 03/09/06, 11 dias após o acidente que levou os cinco da Barra, o trânsito brasileiro ceifa a vida de mais 5 jovens, explodindo o Honda em que vinham em alta velocidade de encontro a uma árvore. Para variar, mais um acidente em saída de boate, em final de madrugada. Com idades entre 16 e 22 anos, Ivan (18a), Ana (17), Manoela (16), Joana (17) e Felipe (22) partiram, deixando-nos, pelo rastro de sofrimento que fica, a certeza de que precisamos fazer muito mais do que estamos fazendo para barrar esta epidemia.

foto Le Milagres, 03/09/06

De tarde, quando fotografei a árvore que se transformou temporariamente no instrumento de mudança do plano físico para o astral dos 5 meninos da Lagoa, pensei no quão duros são os obstáculos com os quais se chocam os automóveis. A imponente árvore, apesar de ter sido capaz de destruir um Honda Civic, teve apenas escoriações em seu tronco. Como existem milhares de obstáculos semelhantes ao longo das diversas saídas de boates, não fica dúvida de quem tem que mudar somos nós. A árvore não foi a responsável (e sim mais uma vítima). Diversos conhecidos dos jovens por lá passaram, choraram muito e, como a tirar a responsabilidade de seu tronco, até ramos de flores colocaram sobre as suas raizes expostas e descascadas.

Manuela, Ana e Joana _ nada mais é preciso dizer.

 

O acidente da Lagoa. Foi assim que ficou conhecido...

foto Márcia Folleto, O Globo, 5/09/06

Em alguns países da África, a principal causa de falta ao trabalho e às aulas é o comparecimento a enterros por mortes pela AIDS. No Rio de Janeiro, alguns adolescentes, parecidos com estes amigos do Ivan, dizem que já enterraram mais de dez companheiros após acidentes semelhantes. Estes meninos crescerão, tornar-se-ão profissionais, constituirão família e envelhecerão, porém, provavelmente jamais esquecerão este momento em que se despediram do amigo. Amigo que partiu numa guerra que poucos reconhecem a existência e menos ainda são identificados como partícipes.

Ao fazer a foto da árvore, imaginando o sofrimento dos pais daqueles 5 meninos naquele exato momento, me veio à cabeça uma música. A música feita pelo nosso atual ministro da cultura, o compositor Gilberto Gil, para o seu filho Pedro>Pedrão>Drão, que faleceu num acidente de automóvel, às margens desta mesma lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, de onde partiram Ivan, Ana, Manoela, Joana e Felipe, em setembro agora, e o jogador Dener, ídolo vascaíno, que morreu dormindo no banco do carona. As mesmas margens que presenciaram as 3 mortes provocadas pelo acidente que envolveu outro jogador de futebol, Edmundo, anos atrás:

Drão

Gilberto Gil

Drão o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura
Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminha dura
Cama de tatame pela vida afora
Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morre nasce, trigo, vive morre, pão
Drão

 

O Dia, 08/09/06, fotos Celso Meira O Globo e Le Milagres

Confirmando a urgência da mudança de atitudes no trânsito, numa batida no Leblon, apenas cinco dias após o acidente da Lagoa, novamente numa saíde de boate, ás 4 horas da manhã, envolvem-se uma Van e um automóvel. Consequência imediata: 6 pessoas feridas (uma em estado grave, com traumatismo craniano), carros destroçados e mobiliário urbano arrancado do chão. Toda a repercussão sobre os acidentes anteriores, por mais que tenha havido, não foi a suficiente para evitar mais uma tragédia inútil.

O Dia, 09/09/06

O resultado final foi mais uma morte no trânsito: Rosângela, de apenas 19 anos, mãe de duas meninas, Grasiele (4a) e Gabriele (1a). Seu erro foi trabalhar até alta madrugada, para ajudar no sustento da casa, e entregar-se à responsabilidade do condutor da van em que viajava e nos condutores das centenas de outros veículos com que poderia cruzar. Um destes acabou por tornar-se o seu algóz.

O Dia, 04/dez/06

Andréa Pereira (20a), à direita, na foto junto com a amiga Elisa (19a), não escapou do acidente que a levou para outro plano com os três amigos, Fernando (25a), Renato (20a) e Plínio. O grupo voltava para o Rio de Janeiro, vindos de uma festa rave em Juiz de fora que durara 12 horas. (Jornal O Dia)

foto William de Moura, O Globo, 05/jan/07

O carro retorcido após abraçar a árvore: Peugeot 206. A hora do acidente: três da madrugada. O local: às margens mesma lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. O motorista: Renato Serpa, 24 anos, que não sobreviveu à violência do choque.

foto Celso Meira, O Globo, 13/01/06

O carro que se chocou com a Van: Citroën. A hora do acidente: 4:40h da madrugada. O local: próximo ao portão principal do Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O motorista: Eduardo Cardoso Melo Teixeira, 21 anos, que não sobreviveu á violência do choque.

Estes dois últimos acidentes em minha cidade ocorreram num intervalo de 1 semana, em locais muito próximos, em horários parecidos. Em comum, motoristas jovens, em carros potentes e velozes e durante a madrugada.

O Globo, 26/fev/07

Rafael Ventura 19 anos

Em 25 de fevereiro de 2007, poucos dias após o Carnaval, festa maior de minha cidade, mais um jovem se espativa em mais um acidente de carro nas madrugadas cariocas. O curioso é que Rafael Ventura saiu para a night com intenção de ingerir bebida alcoólica e por isto foi de táxi. O problema deu-se porque, desejando dar carona a uma amiga, após a saída da boate, passou por casa e pegou o automóvel que acabaria por tornar-se o seu algóz. Pelo visto, Rafael estava consciente, no início da noitada, dos riscos da péssima associação que era álcool + direção, porém, já sob os efeitos do primeiro, a segunda, infelizmente para muitos, deixou de representar perigo.

foto Fábio Gonçalves, Jor nal O Dia, 12/mar/07

Em 11 de março de 2007, às 4h30 da madrugada, foi a vez de outro grupo de jovens partir deste plano físico juntos. O Pálio dirigido pelo jovem Luíz Diego Peçanha Carvalho, 22 anos, choca-se contra uma árvore, capota várias vezes, mata na calçada Marcel Luíz de Lara Pinto (que nenhuma relação tinha com o grupo) e deixa um saldo final de 4 mortos e 2 feridos graves. A turma saía de uma casa de shows em São João de Meriti. Luíz Diego e Jaime Vieira de Barros Jr. (23a) morreram na hora. Marcel e Marcela Freitas da Costa (19 a) faleceram no hospital. A direção irresponsável está transformando as noites de diversão em portais da morte.

Jaime (23a), Luíz Diego (22a) e Marcela (19a)_Luto Total.

Pois bem, na manhã de ontem (12/03/07), após redigir o parágrafo de cima, salvei-o no FrontPage, para que pudesse ser imediatamente disponibilizado em nosso e-book, desliguei a máquina e saí de casa para mais um dia de trabalho no hospital. Passei estes primeiros momentos inquieto, aborrecido, com um mal-estar grande. Afinal, acabara de documentar mais um acidente de trânsito com 4 mortes estúpidas. Bem, a vida tinha que seguir. Coloquei um CD de música clássica, acho que um do Rampal, para mudar de sintonia.`Para fazer o trajeto casa-hospital (Leblon-Jacarepaguá) costumo levar uns 40 minutos, na calma. Volta e meia a imagem daquele Pálio acidentado voltava a minha mente. Bom, a 'viagem' seguia normalmente até a altura de um grande centro de compras, já na Barra da Tijuca, quando me deparo com um engarrafamento de veículos inusitado. Jamais havia tido dificuldades naquela área, sobretudo, em tal horário. E, olhem que fazia este trajeto havia mais de 20 anos. Busco retornos, atalhos, saídas outras e nada. Permaneci engarrafado. Mais vezes imagens do Pálio acidentado insistiam em permanecer frescas em minha cabeça. Troco Rampal por Sting no CD player e depois caiu em rádio de notícias para entender o porquê do trânsito . Repórter aéreo, notícia truncada, parecia que era um acidente de trânsito com vítimas...

foto Marco Antônio Cavalcanti, Jornal Extra, 13/03/07

Pois bem, a causa do engarrafamento era um novo acidente automobilístico. Novamente um Pálio. Novamente ás 4:30h da madrugada. Mais 3 pessoas mortas vindas da balada em alta velocidade. Quase um replay funesto do acidente da véspera. Talvez, só não tenham sido 4 mortes, como no dia anterior, pela ausência de calçadas na via expressa (linha amarela). A batida contra o poste foi tão violenta, que arrancou o teto do automóvel. Alexandre da Silva (26a) e Ilana Costa (27a) morreram no local, entre as ferragens. Gláucia Magarão (27a) morreu na emergência do Hospital Municipal Souza Aguiar, a maior da América Latina. Quando vamos entender que estamos lidando com a maior epidemia de mortes violentas que existe no planeta? Com a mesma lentidão que encaramos a epidemia das mortes pelos cigarros ou que enfrentamos a ameaça de que a Terra está cozinhando de tão aquecida?

fotos Le Milagres, 17/03/07

Bastaram apenas cinco dias após o acidente de Jacarepaguá, em que se foram Alexandre, Ilana e Gláucia, para que, no final da madrugada de sábado (17/03/07), um Fox preto, em alta velocidade e desgovernado, dirigido por um jovem de 25 anos, atropelasse 4 pessoas que estavam na calçada, aguardando ônibus. Este acidente, que ocorreu há menos de 100 metros de minha casa, no bairro carioca do Leblon, é apenas mais um a alimentar a epidemia de mortes no trânsito da cidade. Documentar o estado do carro que fotografamos, incluindo partes do corpo de uma das atropeladas, foi de dar arrepios, mesmo a gente sendo médico há quase trinta anos. Anízia Trindade (64a), uma das vítimas, morreu na tarde do mesmo dia, na emergência do Hospital Municipal Miguel Couto. Link

foto do acidente Osvaldo Prado, Jornal O Dia, 24/03/07

Em 23 de março de 2007, 6 dias após o atropelamento de D. Anízia, novo acidente com graves consequências ocorre na cidade do Rio de Janeiro. Novamente, no bairro Jardim Botânico, em frente ao Parque Lage. Novamente durante a madrugada. Novamente com automóvel dirigido por jovem. João Ricardo Iabrudi Braga (25a), da foto à esquerda, estava parado no sinal e o Pálio que dirigia foi estupidamente esmagado por um Peugeot 307, vindo na contra-mão e em alta velocidade. Glauco de Matos (26a), motorista do Peugeot, e Valéria Martins (32a), sua carona, também faleceram no acidente. No dia seguinte, o desespero dos amigos do João em seu sepultamento foi imenso, sendo que seus pais sequer conseguiram lá ir, tal o estado de tristeza em que ficaram.

Viviane Carvalho, amiga de João, no velório, disse à reportagem de O Dia: "Os jovens estão morrendo por causa da imprudência de motoristas que querem correr para chegar rápido num lugar, mas acabam chegando rápido à morte".

Um apelo emocionado
Jovens pedem que motoristas tenham prudência no trânsito

Abalados, pais não acompanham enterro do filho morto em acidente

http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_89335.asp

http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_89267.asp

 

DORA BRIA (site oficial)

Na noite de 22 de janeiro de 2008, o Brasil perdeu uma de suas principais musas do esporte. Num acidente de estrada, morreu Dora Bria, hexa-campeã brasileira e tri-campeã sul-americana de windsurf. Dirigindo só, numa estrada de Minas Gerais, em uma noite chuvosa, Dora bate num caminhão e despenca ribanceira abaixo, juntando-se à legião dos que partem em acidentes de trânsito. (link para imagem e voz da musa).


Das 7 amigas que saíram de uma festa em São Paulo, 5 morreram:

Globo.com 11/fev/08

LINK para matéria do Jornal Nacional

foto de Carolina Laureano, G1, 19/10/08

Madrugada de domingo chuvosa, em weekend carioca.

Manhã de domingo, Barra da Tijuca, 18 de outubro de 2009, um BMW possante, em alta velocidade, choca-se contra um poste, parte-se em dois, explode e pega fogo. Os transeuntes não conseguem ajudar Guilherme e Dan, os dois amigos que estavam em seu interior vindos da balada.

foto Carlos Alberto / Agência O Dia

Guilherme Corrêa e Castro (17a), condutor do veículo, e Dan Burgos Saar Tavares (19a) traumatismo e carbonização. Mortes instantâneas.

Madrugada de 19 de outubro de 2009, no dia seguinte ao do acidente acima, no mesmo bairro, como o mesmo desfecho: a morte de Bruno, mais um jovem carioca que se vai precocemente pelo excesso de velocidade, pilotando um Hyundai Tucson.

foto Gabriel de Paiva / O Globo

Bruno Gaspar Couto, 26 anos, partida precoce


ATÉ QUANDO TEREMOS QUE CONTINUAR DOCUMENTANDO FATOS ASSIM?

É tudo de uma semelhança macabra impressionante e não conseguimos reverter a situação. Não basta que as dezenas de radares espalhados em dezenas de locais multem às pencas e ad nauseum por ultrapassagem dos 60 ou 70 km/h, como temos tantas por aqui e que tanto engordam os cofres públicos. Estes acidentes se dão a 140km/h e, nestes momentos, a consciência de que radares existem inexiste... É necessário, primeiramente, reconhecer que este problema existe de fato. O que está acontecendo é uma epidemia de mortes por acidentes de trânsito, aliás, uma pandemia, por ser um problema detectado mundialmente. Não dá mais para tentarmos enfrentar a situação com meias-medidas.

A Organização Mundial da Saúde, que em 1998 declarou guerra ao TABAGISMO, escolhendo-o como a sua principal prioridade, em 2003 libera um importantíssimo relatório sobre as mortes por violência. Os dados são estarrecedores, incluindo as mortes no trânsito que chegam a 1 milhão e duzentas mil por ano (1.260.000). Se juntarmos com as mortes causadas pelo fumo, 5.000.000 por ano, alcançamos o inadmissível número de 6.260.000 mortes evitáveis. As mortes no trânsito representam a décima causa de morte no mundo atual (3352 pessoas por dia) e o tabagismo o seu principal problema de saúde pública.


Apesar da minha declarada paixão pela Escola de Samba Caprichosos de Pilares, não poderia ter deixado de divulgar o enredo atualíssimo que a co-irmã Mocidade Independente de Padre Miguel apresentou no carnaval de 2004, sobre Acidente de Trânsito:

"Não corra, Não mate, Não morra.

Pegue carona com a Mocidade!

Educação no Trânsito".

 A letra do samba (autores: Santana e Ricardo simpatia)


revista época, 30/dez/2002

Muitos dos acidentes de automóveis com mortes saem de embalos como esses, mortes totalmente desnecessárias. Custa deixar o carro e pegar um taxi ou voltar com o amigo da vez que não bebeu ? Ou, como diz a música de Seu Jorge e Ed Motta, "Tem espaço na Van"!

Na matéria da Revista Época (veja o link abaixo), entitulada Movidos á Álcool, uma explicação singela, dada por um universitário de 18 anos, pode contribuir para essa necessidade desenfreada pela bebida alcoólica: ' Fico mais leve, mais tranquilo. Chego nas princesas mais fácil '. Vivemos numa sociedade absolutamente opressora e repressora, aliado a um grau de estímulo à competição levado aos píncaros. A auto-estima da maioria das pessoas, inclusive e principalmente dos jovens, encontra-se no pé, de tão baixa. Para o garoto chegar na princesa, tem de estar turbinado, pois, isto tira-lhe a pressão imaginária de que não passa de um pedaço de merda que anda e fala mal. E ainda por cima, chegar nas princesas só depois da sétima dose de vodka possibilita que não ficará deprimido e prestes à tentativa de suicídio em caso de rejeição educada ou de um passa-fora explícito.

  

fonte: site da OMS (link)

Tipo de trauma  mortes traumáticas, 2000  
Acidente de trânsito 1 260 000  
Suicídio   815 000  
Violência interpessoal   520 000  
Afogamento   450 000  
Envenenamento   315 000  
Guerra e Conflito   310 000  
Quedas   283 000  
Queimaduras  238 000
Total 4.191.000
Mortes por tabagismo,

uma doença evitável,

em 2000

4.000.000

Gráfico e tabela gerados pela Organização Mundial da Saúde, com dados liberados em 2003, referentes às mortes violentas no mundo em 2000. A principal causa é o acidente de trânsito. Reparem que o suicídio aparece em segundo lugar, porém, com uma quantidade de mortes semelhante às causadas pela soma de assassinato e guerra.

Portanto, queridos adolescentes, apesar de fazermos campanhas, passeatas e discursos inflamados contra as guerras, e apesar de tecermos críticas justas e inenarráveis aos nossos governantes, que têm dificuldades extraordinárias em reduzir os números da chamada violência urbana_leia-se assaltos, sequestros, estupros e assassinatos, chama a atenção nesse gráfico que as maiores causas de mortes violentas estejam nos acidentes de trânsito e na decisão de que não valemos o suficiente para continuarmos vivos, escolhendo o suicídio como uma saída mais que natural.

Um caldo de cultura fabuloso para que, por exemplo, a indústria brasileira da cerveja tenha passado, de 1979 a 1999, de 41a. para 4a. no ranking das indústrias e que ainda tenhamos 32 milhões de fumantes no Brasil. Reaprender a viver e ser feliz sem as drogas é uma tarefa coletiva que talvez pudéssemos encarar. Mesmo sendo mais fácil 'encher o pote, para chegar mais fácil nas princesas...'.

E como tem princesa que sai mal na foto, porque também vai fundo na birita...

 

Muitas pessoas, por causa do álcool ou de qualquer outra droga, perdem o auto-respeito. Outras, pelas mesmas influências motivos, ainda perdem a vida.

Pode ser muita pressão para cabeças jovens, em formação, sob uma guerra interna de hormônios, enzimas e credos. Tem o vestibular, a matemática e a química, todas as químicas que rolam, as oferecidas e as produzidas naturalmente. O tamanho do pau e dos peitos. Satisfaço? Ele tem que ser reto, duro, grande, grosso e, ainda por cima,  calmo? E se não for? Eles têm que ser duros, grandes, em gota, com bicos pequenos e róseos? E se não forem? Tem o Bush. Tem a violência. Tem o colégio de Besla. Tem um egoísmo incrível. Tem que defender sempre. Tem que ter Jesus no coração, mesmo sem saber O que é ter Jesus no coração?. Ou Buda, ou Rama, ou Krishna. Tem que ter grana, tem que ser igual, tem que ter igual. Tem que ganhar, sempre. Tem que ganhar, mesmo sem ter com quem competir. Tem que competir, mas tem que ser o primeiro. Tem que ser carinhoso, tem que saber, tem que ter opiniões. Tem que subtrair para sub-existir. Tem que votar certo para não manter os traidores no poder. Tem que saber quem se tornaria um traidor, o que não é fácil. Tem que orar, que clamar. Tem que limpar vômito. Tem que separar pai e mãe da porrada. Tem que parecer e aparecer. Tem que dar entrevista. Tem que sair bem na foto. Tem que sair em alguma foto. Tem que ter qualquer coisa da Kipling. Tem que ter tudo da Kipling. Tem que ter tudo de marca para ser querido, ou pensar que é querido. Tem que passar e mostrar. Passar em tudo, mostrar para todos. Não pode falhar. Tem que ser cool. Tem que beijar bem, beijar certo. Tem que mexer a língua bem. E se não mexer? Tem que trair, tem que mentir. Tem que ser forte, tem que ter o corpo da onda, tem que vomitar e tem que malhar. Tem que ser examinada. Tem que aguentar tudo. Tem que sangrar, que ter absorvente. De repente, tem que ter absorvente. Tem que acelerar, freiar em cima e descer de rapel. Tem que acabar com qualquer resquício de celulite, estrias e manchas diversas. Tem que bater, tem que compor, tem que entender. Tem que cantar como Caetano, tem que escrever bem, tem que gostar de todos os ritmos, dançá-los e dar show. Tem que ser bonito. Tem que ser feliz. Tem que dar. Tem que comer. Tem que tirar carteira de motorista para acelerar, freiar em cima, dar fechada, ser notado e botar pega. Tem que fazer o que for preciso para não pagar mico. É proibido pagar a porra do mico. Nada existiria de pior do que pagar a porra do mico. Tem que acreditar. Tem que passar de ano. Tem que fugir do rapa e tem que cortar cana-de-açucar. Tem que desencanar. Tem que redigir. Tem que entender o que redigiram. Tem que ficar com cinco na mesma noite. Tem que contar pra quem puder que ficou com cinco na mesma noite, para se sentir menos pior. E nem precisa saber o nome de nenhum(a) do(a)s cinco. Tem que não se enganar. Tem que cuidar do pai, da mãe, dos avós e dos irmãos menores. Tem que barbear, depilar, raspar, escovar, ondular ou massagear. Tem que pertencer, tem que tribar. E se não tribar? Tem que ser bela, que ser maneira. E se não for? Tem que ter bunda, tem que ter bícepes, trícepes e quadrícepes, às vezes, sem nunca ter tido um velocípede. Tem que ser evangélica. Tem que estar com vontade agora. Tem que não ter vontade ainda. Tem que estar com vontade sempre. Tem que acabar com a tristeza rápido. Tem que se divertir muito. Tem que ser tudo isto para ontem. E, tem que fazer esta porra toda, tem que passar por esta porra toda, nos 72 meses que duram a porra da adolescência.

 

Talvez seja muita pressão, sobretudo, em época de diálogo quase zero, tempo disponível para o que importa quase zero e afeto quase zero...

Barbaridade em Beslan, 2004

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...ao mesmo tempo em que têm que aprender a conviver com a violência máxima e a intolerância total.

Apesar de tanta dor e angústia, a sua anestesia, pela nicotina ou pelo álcool, pode vir a ser o pior dos remédios.


Campanha do Jornal O Dia _ Alerta aos jovens. Campanha iniciada após a reflexão dentro da empresa jornalística, no impacto do que ficou sendo chamado o 'acidente da Lagoa', aquele no qual faleceram 5 jovens (que de acidente, aliás, não teve nada, pois, envolvem situações já bastante previsíveis), em setembro de 2006.

 

Programa PARE (Programa de Redução de Acidentes nas Estradas - Ministério dos Transportes)

                                                                        


foto Michel Filho, Jornal Extra, 9/07/07

   Alemão marcou apenas um gol no Campeonato Paulista e estava afastado dos gramados por lesão - Foto: Diario de S. Paulo

Carro de Alemão, 23 anos, jogador do Palmeiras, 8/jul/2007.

Carreira promissora encerrada precocemente, em retorno de festa, pelo excesso de velocidade ao volante

foto Domingos Peixoto, O Globo

Horário do acidente: madrugada (5:20h) de sábado para domingo (25/maio/2008) _ saída de casa noturna, Via Show

Local do acidente: Av. Brasil, bairro Guadalupe, Rio de Janeiro

Número de ocupantes do veículo: 4 (quatro)

Mortos no acidente: 4 (quatro) !!!

Thiago Silva ( 25a), Alex de Oliveira (19a), Renan Gilio (25a) e Tatiane Gabry (22a)

Jornal Hoje (Rede Globo), 26/05/08

 

O acidente que levou os 4 jovens acima, dentro de uma matéria jornalística, mesmo com toda a gravidade intrínseca, torna-se pequeno em meio ao total descalabro em que nos encontramos no trânsito brasileiro e mundial.

foto Paulo Araújo, Agência O Dia

Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia

Diego Frota, 24 anos

Na madrugada (como sempre) de 24 de outubro de 2010, um domingo, foi a vez de Diego Monteiro Frota dos Santos, 24 anos, explodir seu carro de encontro com o muro do Consulado de Portugal, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. O jovem faleceu na hora. O barulho da batida, sem ruído de frenagem prévio, impressionou os vizinhos. O carro do rapaz tinha adesivo exaltando as suas qualidades de velocista: "Se você não gosta da forma como eu dirijo, então fique fora da calçada". Parece até premonitório.

 


foto Alex Ramos - Jornal Extra

São Gonçalo, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, madrugada (5:00h) de 21 de dezembro de 2010

A violência da batida foi tal, que o carro que levava 5 jovens de 20 a 25 anos partiu-se em dois ao chocar-se contra um poste. Três dos jovens morreram na hora: Thiago Bernardes (25a), Leonardo Soares (20a) e David Cabral (21a).

 

Ao jornalista do RJTV, o pai de um deles disse: "Você acha que nunca vai acontecer contigo, com a tua família, sempre com a família dos outros, que são relapsas, são descuidadas, nunca contigo. Você é cuidadoso, dá os conselhos, mas eles não querem ouvir. Eles acham que são os donos da verdade, que sabem tudo. Aí, na hora em que acontece essas coisas, você não tem como fazer nada, fica com as mãos atadas. A pior notícia que tem é você perder um filho num acidente trágico desse".

 

Precisamos fazer mais do que estamos fazendo!


Organização Mundial da Saúde

10 fatos sobre acidentes de trânsito: clicar

10 fatos sobre juventude e acidentes de trânsito: clicar.


Adolescentes, se liguem... A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o Tabagismo é a principal causa de mortes evitáveis no mundo (no Brasil, são 550 mortes por dia). Esta mesma OMS diz que o Acidente de Trânsito é a principal causa mundial de morte violenta, mesmo com toda a violência que existe no planeta. Uma das coisas que há em comum entre o Tabagismo e o Acidente de Trânsito é que as pessoas tendem a achar que nunca qualquer mal vai acontecer com elas, que elas poderão fumar sem risco e poderão correr e correr de carro, alcoolizados, chapados ou simplesmente cansados, sem que nenhum acidente lhes venha a atrapalhar o desfecho da noitada ou o final da viagem. Usem as suas potencialidades mentais para perceberem o absurdo destas ilusões.

Espero, adolescentes, que v. possam pensar, pensar e pensar. Canso de receber quase que o desprezo de diretores de colégios, coordenadores e orientadores pedagógicos, quando ofereço os meus serviços a eles. Fico me sentindo um alien, alguém totalmente inadequado. Com frequência, bate um sentimento de derrota, como se o que eu estivesse oferecendo não fosse necessário e urgente. Felizmente, eu me reenergizo rápido. Até de graça, para algumas escolas particulares, cheguei a me oferecer, como uma prostituta em fim de linha que se vendia apenas por um elogio. Quando vejo adolescentes fumando na porta da escola que me diz que lá "este problema não existe" (e, portanto, que eles não precisam de meus serviços) e quando vejo meninos bebendo "Vodka com Soda" no posto em que abasteço o meu carro, me arrepio... De que me adianta lutar para que vocês tenham mais qualidade e tempo de vida optando por não fumar, se uma árvore, um poste ou uma traseira de caminhão os tira daqui, ainda na flor da idade? Sinto muito, mas "flor da idade" (ops?), expressão balzaca (ops?), tem a ver com os meus anos rodados (ops?)...


Anti-Rauchen

Local: Entrada da Galeria de Arte de Vancouver

Semana Nacional Contra o Fumo no Canadá, 2006

Diz o cartaz: "Desista do cigarro antes que ele o mate"

Mortes causadas por acidentes de carro (Canadá)

Mortes em decorrência do hábito de fumar (Canadá)

370

6.077


Tantos Acidentes de Trânsito Pra Quê?

Favor divulgar o vídeo, já com mais de hum milhão de visitas, que fizemos (com música do Gabriel Pensador) e disponibilizamos em :

 YouTube Link, Daily Motion Link e Metacafe Link


Campanha inglesa de alerta quanto ao risco de acidentes por cansaço na direção de veículos:

 

 

Detonautas - O dia que não terminou

 

Abrace a Vida


 

Discurso do Senador Tião Viana - nov - 2009


FUMAR DUPLICA OS RISCOS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO: link


 


 
A Mudanca Cultural que Salva Vidas, livro do Dr. Fernando Moreira

 

10 anos da TAC Campaign

 

Conselho australiano


 

Acidente gravíssimo


 

Você entregaria o seu carro a um manobrista alcoolizado?


 

Entretanto, em nome da segurança do trânsito, em meio à revolução que a Lei (Federal) Seca provoca, abusos são cometidos sem que se perceba.

 

Luto em Luta, documentário de Pedro Serrano, 2012 (01h10m), disponibilizado integralmente.


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